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domingo, 7 de julho de 2013

A querela dos médicos

São Paulo, o estado mais rico dos país, tem 2,55 médicos para cada mil habitantes. A OMS recomenda um médico para cada mil habitantes. No entanto, São Paulo tem uma deficiência gigantesca de  médico especialistas. Isto faz  a diferença. Clínico geral no Brasil foi transformado em sub-médico, restrito ao serviço público, praticamente é um clandestino em sua profissão, tanto que o governo vai importar clínicos gerais estrangeiros para também trabalharem apenas no serviço público, clandestinamente, sem revalidar o diploma.

A demografia dos médicos em São Paulo, feita em 2012 pelo CREMESP, mostra que os clínicos gerais estão no serviço público e os especialistas na clínica privada, onde também são raros. Há um angiologista para cada 450 000 paulistas, um neurologista para cada 50 000, um oncologista para cada 110 000. A especialidade que tem boa oferta é de um para cada 30 0000 paulistas. Tudo isto para quem pode pagar consulta, internamento, cirurgia, exames ou que têm um bom convênio. Já no serviço público é um especialistas para cada dois milhões de paulistas. Isto quando existe a oferta da especialidade no serviço público. As filas de espera por consultas dura anos. São Paulo é o estado mais desenvolvido e apresenta esse quadro lastimável na saúde pública. No resto do país é deste ponto para muito pior.

Médicos especialistas podem ganhar tanto dinheiro quanto os craques de nível médio do futebol. Os convênios detêm poder e dinheiro. Nenhum presidente mexe com essa turma. Nem mesmo Lula. O gargalo da especialidade é a mina de ouro da medicina. Só com título de especialista o médico pode colocar no carimbo, no receituário, na propaganda que atende aquela área. Quando o médico tem uma especialização lato sensu em alguma área ou tenha mestrado e doutorado, não pode colocar no carimbo nem na porta nem fazer propaganda que atende a especialidade. Existem médicos que atendem, por exemplo, cardiologia há 30 anos no serviço público e não podem colocar no carimbo que é cardiologista. É necessário fazer a prova das associações das especialidades, onde existem tantas exigências para se fazer essa prova que é quase impossível para quem não fez a residência. Tem que provar que atende a especialidade por mais de cinco anos, o que é um paradoxo já que o profissional sequer pode se identificar publicamente com a especialidade, depois tem que ter carta de apresentação de dois médicos com títulos de especialistas, o que é literalmente impossível, uma vez que ninguém quer criar concorrentes. Então o especialista vira orelha de freira...Apenas recém-formados que fazem residência médica conseguem e por isso o sistema controla com mão de ferro a oferta de vagas na residência.

Dilma vai trazer sub-médicos quando 70% dos médicos brasileiros já são sub-médicos. A população hoje só confia no especialista. Um médico sem título de especialista quando erra a mídia tripudia, quando é erro de especialista tudo é colocado como fatalidade...Dia desses o apresentador Datena na Band estuprou moralmente um médico, acusado de erro em tratamento estético que deixou cicatriz, porque ele não tinha um título de especialista. Seu título era apenas um especialização lato sensu, reconhecida pelo MEC, em Medicina Estética e o diploma de médico, que é o que legitima o exercício da profissão sem limitações em todas as áreas da medicina...

O clínico geral teve um melhora salarial com a implantação do Programa Saúde da Família, embora  seja um programa funcionando de maneira a favorecer prefeitos Brasil afora. Todos os profissionais do PSF são contratados no serviço público pelo CLT, o que é inconstitucional. A consequência disto é alta rotatividade do programa, um entra e sai de médicos. Nenhum  médico recém formado quer trabalhar como clínico geral, sem credibilidade, em sub-emprego do serviço público. Por essa razão faltam médicos no PSF em cidades de médio e grande porte, não é só no grotões... Dilma agora resolveu entregar a bagunça da saúde pública pros cubanos. E ainda tira a pressão sobre o Eldorado da Especialidades, os templos da medicina privada, as Unimeds. Dilma é do Sírio Libanês...

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