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segunda-feira, 25 de março de 2013

As aleivosias do Fantástico

O Fantástico deste domingo derrapou novamente na falta de ética jornalística. A matéria sobre a médica acusada de matar dezenas de pessoas choveu no molhado com a intenção de formar a opinião pública sobre a culpa da profissional. E qual a motivação para isso? O que ganha a Globo em acusar uma médica desconhecida que passou metade da vida dando duro em uma UTI? Simples!! É um prato cheio para audiência..É a médica esquisita, feia, um monstro nazista executando pacientes inocentes...A verdade não importa!

A pirotecnia deste domingo foi um depoimento inconsistente de um auditor. E de quebra o estado clínico do paciente Ivo, que é mostrado no programa e sobre o qual há gravações, não é mencionado. Um trabalho de auditoria sério teria que ser baseado de forma substancial  na irreversibilidade ou não dos quadros clínicos e não em fofocas de funcionários da UTI... Nem uma estatística é feita para cobrir os pacientes que morrem sem conseguirem leitos de UTIs do SUS. Afinal essa é uma história com duas pontas, ou duas portas, entrada e saída.

Já Dráusio Varela continua derrapando na superficialidade de seu quadro sobre saúde mental. Ao tratar o Transtorno Bipolar ele esqueceu que hoje a expressão bipolar é tão comum como foi a palavra complexado na década de 60. Bipolar virou xingamento..O difícil hoje é o médico convencer o paciente que ele não bipolar. Por outro lado, o transtorno bipolar mais comum é o que cursa sem mania, o bipolar tipo 2, ou dentro do espectro bipolar. O grande dilema da psiquiatria é diagnosticar esse bipolar, onde a hipomania é tão mascarada que nem o paciente ou família percebe. O outro dilema são as pessoas que pesquisam na net e recitam para o psiquiatra, inventado a doença com o objetivo de conseguir atestados médicos longos...Enganar um psiquiatra é muito fácil, extremamente fácil para os inescrupulosos e Dráusio não ouviu psicanalistas, que não fazem um diagnóstico sindrômico, mas que privilegiam a escuta e as causas, no consciente e inconsciente.

Uma matéria que não acrescentou!

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