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segunda-feira, 16 de julho de 2012

A judicialização do humor

Um humorista no ano passado fazia seu show de stand up e fez uma piada com negros. O humorista é descendente de japonês e quem se sentiu ofendido e chamou a polícia foi um mulato, músico que se apresentava no show. A ação foi comemorada em toda mídia. Seguiu-se um ataque de Bruno Mazzeo da Globo contra esses humoristas de stand up. Antes desse episódio, Rafinha Bastos, que já havia respondido a vários processos na justiça, teve sua vida destruída por conta de uma piada de improviso com Wanessa Camargo. O programa Pânico, na Band, vai enfrentar mais um processo na justiça. O autor é Walcyr Carrasco, novelista da Globo, que não gostou de ser parodiado. Agora é comum esses humoristas fecharem suas piadas perguntando se vai dar processo...

O que chama atenção é que na história do humor brasileiro, nem mesmo na ditadura, houve uma situação semelhante. O fato novo é que essa geração de humoristas, que fazem um sucesso extraordinário, não são da Globo. Eles são responsáveis pela introdução da comédia stand up no Brasil e lotaram teatros por todo país. Também fazem sucesso na TV e se tornaram ídolos dos jovens, Rafinha Bastos foi parar no New York Times como o rei do twitter brasileiro com mais de dois milhões de seguidores, sendo um dos responsáveis pelo sucesso de CQC e a Liga. O Pânico já bateu no Fantástico. E o talk show de Danilo Gentilli é sucesso no fim das noites, horário que era dominado por Jô Soares.

Esse sucesso todo incomodou a Globo. Isto significa que a grande mídia, Globo, Veja, Estadão, UOL, que mantém uma opinião consorciada, passaram a marginalizar essa geração de humorista a tal ponto que a prisão de um humorista jovem foi encarada como algo banal...

Faustão no último domingo em uma das suas piadas habituais referiu-se a  telespectadora cujo marido acabou de chegar bêbado da padaria. Trata os telespectadores como varizentas, gordo roncado no sofá, bêbados, etc, o repertório é imenso. Pobres e nordestinos são outras vítimas preferidas no humor da emissora. O poder da Globo não tem limite. O BBB, por exemplo, fosse no SBT já estaria fora do ar por decisão da justiça. Foi assim com a banheira do Gugu, que consistia em um cara tentando encontrar sabonetes em uma banheira e uma modelo tentando impedí-lo, ambos em trajes de banho. Isto em tempo em que a Globo exibia Presença de Anita e Luna Caliente...

O humor sempre gozou de uma liberdade sagrada. Censurar o humor era um sintoma de tamanha a ignorância que nem na ditadura se viu isso...Imagine-se então prender um humorista por causa de uma piada!

A MTV, do grupo abril que edita Veja, colocou no ar o programa especial Casa dos Autistas, um paródia com, -a muito tempo fora do ar- Casa dos Artistas do SBT. Nenhuma entidade processou a MTV, a ação foi de uma mãe que se sentiu ofendida. Esse foi um episódio que não repercutiu na mídia. Agora basta  imaginar um programa deste com Rafinha Bastos à frente. Ele teria que se exilar do país...

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