Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira.
Muito
cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho
segredo de melancolia,
Não é agora o golfão
de cismas,
O astro dos loucos e
enamorados,
Mas tão somente
Satélite.
Ah! Lua deste fim de
tarde,
Desmissionária de
atribuições românticas;
Sem show para as
disponibilidades sentimentais!
Fatigado de
mais-valia,
gosto de ti, assim:
Coisa em si,
-Satélite.
Manuel Bandeira
O poema foi publicado no livro Estrela da Tarde, em 1960, quando Bandeira estava com 76 anos. Nascido em Pernambuco, Manuel Bandeira, junto com Carlos Drumond de Andrade, foram os gênios da poesia no movimento modernista na literatura brasileira...
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