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domingo, 6 de maio de 2012

Satélite



Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira.

Muito cosmograficamente
Satélite.

Desmetaforizada,
Desmitificada,

Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados,
Mas tão somente
Satélite.

Ah! Lua deste fim de tarde,
Desmissionária de atribuições românticas;
Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais-valia,
gosto de ti, assim:
Coisa em si,
-Satélite.

Manuel Bandeira

O poema foi publicado no livro Estrela da Tarde, em 1960, quando Bandeira estava com 76 anos. Nascido em Pernambuco, Manuel Bandeira, junto com Carlos Drumond de Andrade, foram os gênios da poesia no movimento modernista na literatura brasileira...

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