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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Lobby comercial da Veja em favor dos moderadores do apetite

A Anvisa promoveu um circo público com a finalidade de debater a proibição dos moderadores de apetite, sibutramina, e os de ação central, femproporex, anfepramona e mazindol. Todos estas drogas foram proibidas na Europa, EUA e outros países civilizados, Aqui o debate público anunciado pela Anvisa desencadeou um lobby poderoso, fortíssimo capitaneado pela Veja. A indústria farmacêutica e os endocrinologistas são contra a proibição. E a Anvisa já anunciou o recuo...

O tratamento da obesidade no Brasil tornou-se uma mina de ouro em passado recente. O segredo do sucesso foi uma fórmula que incluía diurético, hormônios da tireóide, tranquilizantes  e femproporex. Era tomar e emagrecer. Os noventa dias iniciais do tratamento eram um milagre. Quando o medicamento era retirado o paciente engordava acima do peso anterior e havia os efeitos colaterais. Os endocrinologistas, que não prescreviam a fórmula entraram em guerra contra essas clínicas. A Anvisa proibiu a fórmula e alguns médicos foram presos. Nos anos seguintes aumentou a vigilância e o controle do medicamento. Cada médico que prescreve psicotrópicos anorexígenos vai para o controle geral da Anvisa e  um aumento do número de prescrições gera denúncia contra o médico não especialissta, processo, etc... 

O passo seguinte foi restringir os três psicotrópicos anorexígenos para a receita azul B2. E a grande verdade é que no serviço público já não se prescreve esse anorexígenos. Não há receituário para a prescrição e os médicos preferem  assim. São medicamentos que causam a dependência, com fortes efeitos colaterais, sem benefícios consistentes, produzem o efeito sanfona, emagrece, engorda e com toda essa criminalização em cima da prescrição de médicos não endocrinologistas. Hoje o receituário de femproporex, anfepramona e mazindol está restrito a endocrinologistas privados.

Já a Sibutramina é outra história. Não é psicotrópico e estava sendo usado bastante até que o estudo realizado no EUA, durante 6 anos, que encerrou em 2009, com 10 mil pessoas, mostrou o risco de dano cardiovascular provocado pelo medicamento. Foi um balde água fria em uma droga que se imaginava segura. A sibutramina foi então suspensa na Europa, restringida no EUA e outros países.

Do site da Anvisa:


Novas contra-indicações de uso da sibutramina


A realização de estudo sobre sibutramina, concluído ao final de 2009, demonstrou um aumento em 16% do risco cardiovascular não fatal nos pacientes tratados com sibutramina, tais como infarto do miocárdio, derrame, parada cardíaca com ressuscitação, comparados aos pacientes tratados com placebo. Denominado SCOUT (Sibutramine Cardiovascular Outcomes), o estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo foi realizado por um período de 6 anos em aproximadamente 10.000 pacientes com obesidade associada a doenças cardiovasculares e pacientes com diabetes do tipo 2, com sobrepeso ou obesidade, e associada a fatores de risco de doenças cardiovasculares.

2. De 2005 até a presente data, o SNVS recebeu 37 notificações de suspeitas reações adversas graves com o uso do medicamento sibutramina. Deste total, 14 notificações eram reações adversas relacionadas ao sistema cardiovascular descritas em bula. A ausência de informações quanto à existência ou não de doença cardiovascular subjacente nos pacientes que sofreram as reações notificadas não permite concluir que a sibutramina tenha sido a única causa destas reações cardiovasculares.

3. O estudo SCOUT foi a base para as recentes tomadas de decisão das agências regulatórias da União Européia (EMA – European Medicine Agency) e dos Estados Unidos (FDA - Food and Drug Administration). Após análise do estudo, o Comitê de Medicamentos para Uso Humano (CHMP) da EMA considerou que medidas adicionais de restrição de uso não seriam suficientes para controlar o risco cardiovascular e recomendou a suspensão da autorização de comercialização para o medicamento em toda a União Européia. (2). Entretanto, nos Estados Unidos não houve a suspensão da comercialização do medicamento. A FDA notificou os profissionais de saúde que a revisão dos dados adicionais indica que os pacientes com história de doença cardiovascular em uso da sibutramina apresentam risco aumentado de infarto e derrame. Com base nesses resultados, a FDA solicitou a inclusão de novas contra-indicações na bula do medicamento, informando que a sibutramina não deve ser usada em pacientes com história de doença cardiovascular.  


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