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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Tiroteio: críticas ao radicalismo do Tea Party


O FBI está em alerta para actos de "lobos solitários" que ameacem a vida de funcionários públicos, forças de segurança e políticos norte-americanos. Os olhares também se viraram para o discurso violento do movimento conservador radical Tea Party desde que um homem levou a cabo um tiroteio que matou seis pessoas, entre as quais uma criança e um juiz distrital, e feriu gravemente a congressista  Gabrielle Giffords.
O incidente ocorreu em Tucson, Arizona, durante um acto público de Giffords. Na casa do suspeito, Jared Lee Loughner, o Federal Bureau of Investigation (FBI) descobriu documentos com expressões que, sem representarem uma ameaça directa a funcionários públicos e políticos, significam que "o discurso de ódio e outros discursos de incitação" são o desafio para as forças de segurança, alertou o director do FBI, Robert Mueller, destaca o El Mundo.
Giffords há muito que era um dos alvos da retórica bélica e da política de discurso violento que caracteriza o Tea Party, criado após a eleição do democrata Barack Obama para a presidência e que tem como uma das referências a candidata derrotada do Partido Conservador à vice-presidência Sarah Palin.
Nas mais recentes eleições, Palin publicou no seu site uma lista de 20 congressistas do Partido Democrata, que votaram a favor da reforma do sistema de saúde, o ódio predilecto do Tea Party, e que tinham origem em Estados onde os conservadores venceram nas eleições presidenciais. Essa lista foi publicada sob a forma de um mapa com miras nos Estados onde essas mudanças deviam ocorrer. O próprio movimento de apoio à adversária da congressista publicou na Internet anúncios de teor belicista: "Acerta no alvo da vitória em Novembro, ajuda a remover Gabrielle Giffords do cargo, dispara uma arma automática M16 com Jesse Kelly."
El País salienta que é difícil estabelecer uma ligação directa entre o incidente em Tucson e o Tea Party, mas  lembra que ambos partilham a paranóia de que são vítimas de perseguição do Estado, mas a realidade é que só nos primeiros três meses do ano passado, altura em que o debate sobre a reforma da saúde esteve mais aceso, houve 42 ataques contra escritórios de congressistas, quase todos do Partido Democrata, incluindo Giffords. "Quando vejo estas pessoas desequilibradas e a forma como responde à violência que sai das algumas bocas para derrubarem o Governo, penso na amargura, no ódio e na intolerância que se estende ao longo do país e que se está a converter num escândalo", vincou  Clarence Dupnik, xerife e membro do Partido Democrata.
A tragédia em Tucson é o grande destaque dos jornais norte-americanos. Todos falam no radicalismo como uma das fontes deste tipo de actos, incluindo um Nobel da Economia (ver relacionado). No Washington Post, a atenção vira-se para alguns comentadores que apresentam programas com alguns dos momentos mais crispados da política norte-americana. Keith Olbermann, conotado com a ala democrata, pediu desculpas pelo seu próprio extremismo, mas aproveitou para atacar os seus rivais do costume: acusou Bill O'Reilly de linguagem bélica, denunciou a aparente simpatia de Glenn Beck pelo atirador e disse que Palin deve afastar-se da política se não repudir e abandonar ela própria, nem que seja um pouco, o discurso violento e radical.

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